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"Marketing de confiança", ou dinheiro e infelicidade.

Postado por Marlon Marques. 24 de dezembro de 2010

por Marlon Marques.











































Eles não são apenas parecidos fisicamente, eles têm almas parecidas. Edir Macedo e Montgomery Burns são personagens que se entrecruzam pela similaridade. Um é do mundo real, mas criou um mundo paralelo onde ele habita intocável. O outro é fictício, mas tem traços muito humanos, o que o aproxima desse primeiro. O primeiro é Edir, o segundo é Burns. Ambos são empresários extremamente ricos e bem sucedidos nos negócios, são donos de impérios, e cada um a seu modo são extravagantes nos gostos e atitudes. Edir é o arauto do bem. Já Burns é o porta-voz do mal – dizem inclusive que ele tem um pacto com o Diabo. Os dois parecem amargurados por alguma coisa, parecem não serem felizes de fato, embora gozem de condição financeira privilegiada, status e prestígio. Burns é um sujeito amargo, herdou de seu bisavô milionário a usina nuclear, e a partir daí ampliou sua fortuna (claro que com algum mérito). Com Macedo foi da mesma forma, começou com a semi-falida Rede Record de televisão, e hoje ampliou seus negócios e fortuna por áreas diversas, como mercado editorial, igrejas e uma complexa rede de canais no Brasil e no exterior. Ambos possuem nível superior – Burns é formado em Yale, a mesma universidade de Georg Bush (pai e filho), enquanto que Edir Macedo é formado pela Faculdade Evangélica de Teologia. Porém o traço mais incomum da personalidade de ambos é a questão do dinheiro. Os dois são milionários e envolvidos em escândalos com seus negócios. Macedo é “acusado” de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção – além da alegação de que manipula seus fiéis a pagarem dízimo (enriquecimento ilícito). Burns é acusado de poluir o lago de Springfield, além de problemas trabalhistas com seus empregados, condições precárias de trabalho, falta de segurança em seus empreendimentos, problemas sanitários, tributários, direitos humanos, entre outros. Embora Edir já tenha sido preso, hoje está solto, pois mantém estreita relação com o poder, uma vez que é representante de um segmento social de massa, os “evangélicos” – que podem eleger facilmente algum político. Burns também nunca foi punido por seus “supostos” crimes, pois sendo o homem mais rico da cidade, pode comprar as autoridades corruptas de Springfield [vide o prefeito Joe Quimby]. Edir Macedo tem uma aparência frágil tal qual Burns, ambos parecem (ou são) misteriosos e com medo das demais pessoas. Dia desses pela Record Internacional eu assisti a uma matéria especial com o líder da Igreja Universal, e o senti um tanto inseguro – embora seu discurso fosse de total segurança. Macedo olhava constantemente para os lados, como que desconfiando da repórter, dos câmeras e até dos telespectadores. Se perceber, Burns também é inquieto, a todo instante olha para os lados, sem contar com o fato de sempre estar acompanhado de Smithers, afinal quem não deve não teme. Edir Macedo é adepto da “teologia da prosperidade” – um ramo do protestantismo que alia fé, dinheiro, luxo e conquistas materiais. Programas como “vigília dos empresários”, ou algo como “preces para o sucesso material e financeiro”, vendem a todos a ilusão de que em sua Igreja está tanto Deus como o dinheiro. Burns também tem uma relação muito íntima com o dinheiro, parece um Tio Patinhas do mal – um homem rancoroso e sovina, que pensa em seu único filho apenas como um doador de órgãos compatível caso venha precisar, sem nenhum tipo de afeto ou amor. Burns não é casado, não é amado e nem ama ninguém, exceto a si mesmo – e embora Macedo seja casado há muito tempo, o vemos sempre solitário, como que quisesse glórias individuais. Não sabemos nada sobre sua família, pouco sobre sua esposa, a também pastora Esther Rangel, não sabemos nada sobre como conseguiu comprar sua emissora de TV e como expandiu-a de forma tão vertiginosa. Burns e Macedo são homens vazios por dentro, seus rostos nos revelam cinismo e falsidade. Não acredito em nada do que dizem ou fazem, sendo suas boas ações apenas marketing de confiança. “Marketing de confiança”? Exatamente, vou explicar! Essa expressão eu cunhei agora, e quero dizer com ela que – você mostrando aos outros que faz coisas boas, ninguém desconfiara que você esteja envolvido em coisas escusas e más. Porque é que o bispo Macedo faz questão de mostrar em programas as ações sociais da Igreja, sendo que a Bíblia diz que: “o que fizeres com uma mão deves esconder para que a outra mão não veja”? E quanto a Burns, provê tantos empregos com seus empreendimentos [hotel, cassino, usina, etc], a base da exploração do trabalho – vejam também o episódio em que Burns adota vários cãezinhos com o pretexto de cuidá-los, para no fim das contas transformá-los em mais uma peça de roupa do seu armário. São homens que não nos passam a menor confiança, são medonhos – olhem para eles em seus ternos bem engomados, com suas mãos curvas de quem quer dominar o mundo, e suas expressões vazias como que arquitetando mais um plano para nos iludir. Porém a doutrina de ambos é o enriquecimento e a ostentação, é só repararmos nas suntuosas igrejas de Macedo e no palácio de Burns em Springfield, luxo e sofisticação imperam, enquanto que posam de magnatas benevolentes como George Soros, Bill Gates ou Warren Buffet. Não estou querendo dizer que Macedo seja mal, mas bom ele também não é, além de ser contestável toda sua santidade e conhecimentos bíblicos, uma vez que seus estudos não são reconhecidos pelos órgãos oficiais do Brasil (MEC). Muitos apontam que Burns é no fim das contas um homem bondoso, mas age assim apenas porque ninguém lhe demonstra carinho, a exceção de bobo, seu ursinho inanimado de pelúcia e Smithers. Na verdade Burns é um obcecado pelo dinheiro, manipula quem tiver que manipular e fará o que tiver que fazer para atingir seus objetivos numa linha “maquiaveliana” de pensamento. O dinheiro que ambos possuem são usados para apenas três fins: gerar mais dinheiro, proporcionar-lhes conforto e assegurar que seus mundos não sejam invadidos por ninguém. Não há nada contra o conforto ou a riqueza, mas sim contra a forma como se consegue e se mantém isso, além do que tudo isso só reforça a tese de que dinheiro não traz felicidade – pois como disse o pregador: “a vida é vaidade – e tolo é o homem que confia nas riquezas, pois elas também são vãs”.










































1 Responses to "Marketing de confiança", ou dinheiro e infelicidade.

  1. F. Ventura Says:
  2. Texto bem elaborado e a comparação faz muito sentido. Parabéns!

    Saudações!

     

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