CAPPUCCINO

Acredito na tese de que Deus criou o homem e a mulher ao mesmo tempo (homem e mulher os criou, diz o Gênesis). Porém antes, Deus criou o mundo e tudo que nele há. Deus é onisciente, logo conhece tudo – porém, quis Deus se certificar de que tudo estava funcionando bem aqui na terra e então mandou o homem para tal missão. O homem é sempre o cobaia da história. A mulher então ficou lá junto com Deus. Uma semana depois o homem topa-se com a mulher no jardim. Deus não agüentou e resolveu mandá-la para o homem – afinal o homem é o cobaia da história. Revelemos então os fatos que antecederam as conseqüências. O homem estava só (sim a Bíblia diz isso), estava tranqüilo – só vendo futebol, tomando cerveja e acordando tarde (sic). Andava nu por todos os lugares, bem à vontade – sem reclamações, crises ou ataques de histeria. Sim, Deus criou a mulher, e a mulher criou os problemas. Enquanto que no céu Deus estava querendo descansar da criação – querendo apenas repousar em seu trono, mas quem disse que a mulher deixava. Primeiro disse que no céu não tinha shopping e que precisava de sapatos e bolsas novas. Depois reclamou da cor: – “nossa, que coisa mais branca, mais sem graça”. Enquanto os homens lá em baixo pediam algumas coisas a Deus e Deus os dava atenção por isso, a mulher reclamava que Deus não ligava pra ela, e que preferia os homens e que isso é puro machismo. Deus então não agüentou mais tanta conversa, reclamações e chiliques e resolveu mandar a mulher para fazer companhia ao homem. Aí os nossos problemas começaram. Ou seja, Deus é onipotente, logo pode tudo – então se livrou facilmente da mulher. A primeira coisa que a mulher fez quando chegou foi nos mandar por uma roupa – e decente. Afinal, elas odeiam sair com agente da forma como gostamos de ficar. Em seguida foi à exclusividade – nada de cerveja com os amigos, nada de futebol e nada de videogame, agora é tudo “eu”. Exigiu que disséssemos sempre que as amamos, que as achamos lindas, etc. A divisão do trabalho também foi idéia feminina: os homens trabalham, ganham bem, pagam empregada e nós (mulheres) vamos ao shopping e ficamos no salão de beleza. Depois de um dia cheio, o homem chegava em casa, tomava um banho, jantava e dormia. Agora Não! Toma banho sim, janta sim (fora) e dorme só depois do dever (de um longo dever). Isso sem contar que elas vão falar sobre o que fizeram, sobre os planos e sobre o quanto o amor é lindo. No shopping de mãos dadas, vão parar em 4 vitrines a cada 3 passadas – vão fazer bico e carinha feia querendo algum presente. Se você comprar elas vão reclamar dizendo que só comprou com sacrifício e porque ela pediu – se não comprar é bem simples: você não a ama mais! E pior: – isso deve ser outra: – “conta quem é a vagabunda, a perua”. – “Ela é melhor que eu né, pode falar, vai, acaba comigo”. Ou seja, turismo total (viagem). Aí você resolve comprar um presente espontâneo (afinal eu quero agradá-la), quando ela abre o presente diz um aguado: “gostei”! Aprenda uma coisa, quando uma mulher diz um aguado gostei, isso significa na tradução do feminês (o complexo dialeto das mulheres), “não gostei”. Mulher é hiperbólica, quando ela gosta mesmo faz escândalo: – “é lindo, minha cara, você é demais, te amo”. Quando não gosta, ou diz que gosta aguado, ou abre a caixa de reclamações – a palavra mais carinhosa é “porcaria”. Como agradar? Não dá! Se Deus que é Deus não agüentou, imagine nós, relés mortais. Isso porque Deus é onipotente e onisciente, há, e onipresente também. Só que esse último atributo (a onipresença), Deus não tem usado muito, pois se estive mesmo em todos os lugares, veria nosso sofrimento e daria um jeito para nos livrar desse martírio. Mas, mesmo com tudo isso, nós não vivemos sem elas – e aí de você se dizer que vive sem.

“Há mais mulheres no mundo do que qualquer outra coisa, a não ser insetos”

Glenn Ford em “Gilda”(1946).