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O Improvável e o aparente

Postado por Valéria Rezende 12 de janeiro de 2011

Por Valéria Rezende.

  

Com cabelos bem penteados, maquiagem razoável e bolsa de lado ela saiu para a rua. Ela era comum, vestia jeans e tênis. Esperava ter um bom dia, encontrar pessoas à sua altura.
Com cabelos mal penteados, calça meia abatida e um sapato estranho, ele espalhava seu odor pela sala. Seu sorriso não era atraente. Seus olhos eram profundos e estigantes. Sua fala mansa e composta por vocabulário pobre.
Olhou com desprezo. Pena, nojo ou qualquer outra coisa ruim. A primeira impressão lhe fez afastar-se. 
Hoje, enquanto ia caminhando até seu emprego, olhou para o Céu e pediu para Deus que estivesse ali, naquele lugar. Que dEle ela nunca desagarrasse e que nesse dia Ele tivesse muita coisa para lhe falar.
Passou a manhã muito bem, esforçou-se, se divirtiu. Á tarde, no seu tempo livre, o 'cara estranho' veio conversar. Foi indiferente. Foi preoconceituosa, insegura. Agiu por egoísmo, soberba e ignorância. 
Ele contava suas histórias loucas, discorria em pensamentos confusos e íntimos , ás vezes com lágrimas nos olhos.
Ela admirava-se, mas ouvia pouco. O resto do tempo fingia, enquanto seu pensamento caminhava sobre outros lugares. Ele falou de Deus. Ela mudou. De repente, agora fosse algo importante, olhou para ele e ouviu um pouco mais. Eram dizeres sobre sofrimento, ilustrações sobre desilusão. Que adventos ruins ele passara. Mas isso era comum, nem se importou, nem se espantou.
Ele tinha uma filha e reservado: um sonho. E era nele, justamente, que baseava toda sua trajetória. Amava loucamante e era consumido por uma fé imbatível que, para homem como ele, parecia utópica.
Falou sobre relacionamento. Falou algo sobre oração e encheu-se de certezas tão profundas quanto a verdade em seus olhos.
Sua simplicidade tomou o ambiente. Falou sobre Deus, sem falar de religião, ministrou vida, mesmo vivendo situações que o quê se espera é a morte.
Ela, sábia, entendida, de seus tantos anos de bíblia e batismo foi provando mais uma vez da misteriosa preferência de Deus, quando se revela a través dos abatidos para mostrar a fraqueza dos fortes.
Lhe contou sobre longas conversas que tinha com Deus, sobre as palavras que trocavam enquanto andava sobre as ruas. Contou-lhe sobre seu amor e devoção, enquanto não levantava denominações ou doutrina humana.
Citava textos, sem demonstrar sabedoria, terrestre, falava do eterno, sem valorizar o corruptível.
Não se sabe bem o quê aconteceu dali em diante. Uma presença indescritível tomou conta dos corações perversos e frios; de repente uma doce lágrima escorreu do olhar.
Ele olhava com olhos de amor. Fez-se cheio de graça por um instante. O que ele dizia já era de seu entendimento, mas dessa vez tocou-lhe no mais profundo e lhe consumiu.
Transformou sua tarde comum, em momento de comunhão com o Espírito Santo e sua indiferença em compaixão.
A aparência se perde, o preconceito se rompe. A simplicidade: é disso que eles estavam falando.

2 comentários

  1. Simplicidade. Sem palavras.
    Muito bom o texto! Parabéns! :D

     
  2. Viva às histórias e ao verdadeiro valor que só reside dentro de cada um! \o/

    Bjos

     

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