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Análise - Ganhador do Oscar 2011

Postado por Luck 2 de abril de 2011


O Discurso do Rei / The King’s Speech (2010)

Direção: Tom Hooper

Roteiro: David Seidler

Direção de Fotografia: Danny Cohen

Direção de Arte: Netty Chapman

Trilha Sonora: Alexandre Desplat

Gênero: Drama

Origem: Reino Unido

Duração: 118 minutos

Estrelando: Colin Firth, Geoffrey Rush 
  
Sinopse: Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é um sério problema para um integrante da realiza britânica, que frequentemente precisa fazer discursos. George procurou diversos médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta de fala de método pouco convencional, George está desesperançoso. Lionel se coloca de igual para igual com George e atua também como seu psicólogo, de forma a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem com que George adquira autoconfiança para cumprir o maior de seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação de seu irmão David (Guy Pearce). À medida que a Inglaterra se aprofunda na Segunda Guerra Mundial, a voz do rei e os seus discursos se tornam mais exigidos.

Comentário - Crítica

“Filme bem feito tecnicamente e correto até demais. Os destaques são as atuações e a direção segura. Mas fica a sensação de estar faltando algo. Ironicamente uma obra que, como seu protagonista, tenta se expressar e não consegue.”

Não mereceu. Começo dizendo que O Discurso do Rei não mereceu ser premiado com o prêmio máximo do Oscar. E o mais irônico nisso tudo, é que o mesmo não mereceu exatamente por tanto se esforçar, pois é plenamente visível que o filme possui um formato moldado pra agradar a Academia. Apesar de achar injusta sua vitória, não acho que este seja um filme ruim, longe disso, a obra é tecnicamente impecável, o problema é que o diretor parece saber, e acaba se exibindo através de suas lentes, mostrando sua película como uma Ferrari, porém sem gasolina, sem algo pra dizer. Na verdade, em alguns momentos, a vontade de mostrar algo é explícita, mas como o próprio Rei George VI, o filme parece sofrer de uma gagueira em seu roteiro, se esforçando pra discursar e falhando, completamente engasgado. Algumas cenas são sim, muito forçadas, restando apenas Colin Firth, como George VI, e Geoffrey Rush, como Lionel Logue, pra salvar o resto da total frieza, com suas interpretações extraordinárias, formando um elo de amizade extremamente comovente entre seus personagens. Quanto a Helena Bonham Carter, no papel de Rainha Elizabeth (esposa de George VI), não se tem muito a dizer. Não faz feio, mas também não se destaca, é inofensiva durante todo o filme, e só.
  
  
“Você conhece alguma piada?” | Lionel Logue
“[engasgo]... Timing não é meu ponto forte” | Rei George VI


“Seus métodos são heterodoxos e controversos” | Rainha Elizabeth

Não há como negar. É uma produção impecável em setores isolados (cenário, figurino [...]), mas que sim, falham quando tentam trabalhar num todo. A fotografia, por exemplo, é inicialmente encantadora, se utilizando de lentes exóticas do diretor, conhecidas como “lentes olhos de peixe”, que distorcem a imagem através de grandes ângulos, causando um efeito, como dito, (inicialmente) encantador, porém, é algo que após um tempo perde seu charme.





Imagens ilustrativas do efeito causado e das lentes utilizadas para tal.

Enfim, o diretor se preocupa tanto com a técnica, que acaba esquecendo-se do mais importante, da história a ser contado, do roteiro em si. Que no caso, apesar da boa, porém simples, estrutura inicial, não tem um conflito com força suficiente pra segurar a atenção do espectador durante todo o filme. Assim, são usadas algumas trapaças narrativas, nos manipulando emocionalmente a todo tempo, de uma maneira forçada e chantagista. Os (poucos) momentos realmente divertidos e interessantes do filme podem ser – quase que inteiramente – vistos no trailer. Obviamente, com exceção do final, que apesar de não ser arrebatador, se torna grandioso por causa do show de interpretação que Colin Firth dá, com suas hesitações e seus engasgos absurdamente verdadeiros. Num ápice ao final, é verdade, só que apresentado gradualmente ao longo da trajetória de George VI.


“A Nação acredita que quando [bloqueio]... falo, falo por eles, mas não consigo falar.” | Rei George VI

Precisava-se de um Rei e nos é dado um príncipe. Realmente, com grande poder e potencial, porém, ainda despreparado, imaturo e cru por demais. O pior é que o mesmo ainda fora coroado. E o que fica é o vazio, o silêncio de um discurso que não empolgou como deveria.


  •     AVALIAÇÃO: 7.5/10




CURIOSIDADES   


 - Inicialmente o papel principal foi oferecido a Paul Bettany, que o recusou alegando que queria passar mais tempo com a família. Posteriormente, o ator lamentou publicamente tal decisão;

- No filme, Guy Pearce interpreta o irmão mais velho do personagem de Colin Firth. Na verdade ele é sete anos mais novo que Firth;

- Este é o 2º filme em que Timothy Spall interpreta Winston Churchill. O anterior foi Jackboots in Whitehall (2010);

- As filmagens tiveram que ser adequadas à agenda de Helena Bonham Carter, ocupada devido às gravações de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 (2010) e Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (2011);

- As filmagens ocorreram entre 13 de novembro de 2009 e janeiro de 2010;

- Após a cerimônia do Oscar foi relançado nos cinemas americanos em nova edição, que retirou as cenas em que o rei George VI falava palavrões. Chamada de "versão família", ela foi lançada visando uma censura mais branda;

- Seu orçamento foi de US$ 15 milhões.


PREMIAÇÕES 


OSCAR (2011)
Ganhou
Melhor Filme
Melhor Diretor - Tom Hooper
Melhor Ator - Colin Firth
Melhor Roteiro Original

Indicações
Melhor Ator Coadjuvante - Geoffrey Rush
Melhor Atriz Coadjuvante - Helena Bonham Carter
Melhor Direção de Arte
Melhor Fotografia
Melhor Figurino
Melhor Trilha Sonora
Melhor Edição de Som
Melhor Edição

GLOBO DE OURO (2011)
Ganhou
Melhor Ator - Colin Firth

Indicações
Melhor Filme
Melhor Diretor
Melhor Ator Coadjuvante - Geoffrey Rush 
Melhor Atriz Coadjuvante - Helena Bonham Carter
Melhor Roteiro
Melhor Trilha Sonora

BAFTA (2011)
Ganhou
Melhor Filme
Melhor Filme Britânico
Melhor Ator - Colin Firth
Melhor Ator Coadjuvante - Geoffrey Rush
Melhor Atriz Coadjuvante - Helena Bonham Carter
Melhor Roteiro Original
Melhor Trilha Sonora

Indicações

Melhor Diretor - Tom Hooper
Melhor Fotografia
Melhor Figurino
Melhor Maquiagem
Melhor Desenho de Produção
Melhor Som
Melhor Edição

INDEPENDENT SPIRIT AWARDS (2011)
Ganhou
Melhor Filme Estrangeiro

GOYA (2011)
Ganhou
Melhor Filme Estrangeiro

SAG AWARDS (2011)
Indicações
Melhor Elenco
Melhor Ator - Colin Firth
Melhor Ator Coadjuvante - Geoffrey Rush 
Melhor Atriz Coadjuvante - Helena Bonham Carter

FESTIVAL DE TORONTO (2010)

Ganhou
Melhor Filme

23 comentários

  1. @oyuritwita Says:
  2. O filme não tem um roteiro que prende o telespectador, mas eu achei, como posso dizer, agradável. Ótima atuação do Colin Firth e do Geoffrey Rush, sendo o que primeiro ganhou o Oscar, mais que merecido, e coitada da Helena Carter, ela não tem mesmo nada para fazer além do que foi feito. Já a fotografia é feita por uma produção preguiçosa, mesmo que o filme aborde o "problema" do rei, e a não enfoque na guerra em si, as poucas cenas externas, apesar de estar nublado e tudo estar meio nebuloso e cinza, para aumentar o clima de tensão gerado pelos conflitos, deveria usar menos esse "truque". Mas uma coisa todos nós temos que admitir, usar o plano de fundo da Segunda Guerra Mundial como uma metáfora para a guerra interna que George ou qualquer um de nós travamos contra nossos próprios medos é algo magnífico.

     
  3. Luck Says:
  4. Ótimo comentário. Concordo com tudo.
    O filme tem mesmo seus méritos, mas está longe da perfeição e de ter merecido o prêmio de melhor filme!

     
  5. Anônimo Says:
  6. uga buga

     
  7. Anônimo Says:
  8. estou dançanso michel no wii na casa do bj.

     
  9. Bom, achei uma excelente crítica. Porém acho que o filme mereceu sim o Oscar, acho que o filme toca cada pessoa na sua pessoalidade e eu poderia gastar horas tentando convencer alguém que o filme mereceu o Oscar e ainda assim não adiantaria, como eu disse, é uma questão pessoal e a intenção não é convencer ninguém!
    Como o Yuri disse a Helena fez o que lhe foi dado para fazer: simplesmente marcou sua presença! (o que particularmente achei um erro, afinal, nos momentos difíceis a pessoa que mais deveria te ajudar e fazer diferença na sua história seria a sua mulher.)
    Mais uma vez: Parabéns pela crítica.


    PS: Em alguns momentos(muitos) você colocou: "Rei George IV" e não "Rei George VI"

     
  10. O blog tá bem bacana!
    Abraços,

    www.ofalcaomaltes.blogspot.com

     
  11. Luck Says:
  12. Fabiano Pereira, valeu por me avisar desse erro. Já concertei! :)

    Bom, é assim mesmo, tem sempre aquela coisa mais subjetiva do filme ter te tocado de uma maneira diferente. As experiências filme/espectador são em alguns casos parecidas e em outros momentos não. Percebo que cada pessoa tem um entendimento e uma relação própria com cada obra, e no seu caso, isso também aconteceu.
    De qualquer forma, considero sim O Discurso do Rei um bom filme e que possui (como disse no texto) seus méritos. Mas é complicado o chamar de "melhor filme do ano" quando se têm Cisne Negro, A origem, A Rede Social e Toy Story 3 nessa disputa.
    Pra mim mereceu a indicação (que já não é pouca coisa), mas nunca a vitória.

     
  13. Anônimo Says:
  14. Tá ótima sua crítica! Bem eu não gostei do filme, quer dizer é muito bonito tecnicamente, figurino etc.. Mas achei tão irrelevante, pra não dizer chato de uma vez. Diferente do Outro , A Rainha, esse é ótimo!!

     
  15. Anônimo Says:
  16. Legal! A avaliação ficou boa.
    Esse Oscar 2011 foi um fiasco, e quase todos os sentidos.

     
  17. Excelente o comentário, mas acho que foi muito generoso com esse filminho chato. O que lembro é que dormi muito no cinema pq o roteiro não me prendeu nenhum pouco.

     
  18. Anônimo Says:
  19. O roteiro não te prendeu? Que conversa é essa! Não me leve a mal, mas um filme é uma junção de várias coisas e o roteiro é o iten mais abstrato de um filme. Há diretores que fazem de péssimos roteiros grandes filmes, porque ele desequilibra nos outros elementos, exemplo: narrativa. Já ouviu falar em storyboard? E quanto a jogo de câmeras? Fotografia? Quando a esse filme, o que dizer? Não vi e nem vou ver, não perco meu tempo com isso, ninguém mais vê o grande cinema. Qual é o grande cinema? Bom, o Lars Von Trier que não é!!!! Há há há há.

    M.M.

     
  20. @oyuritwita Says:
  21. Lucas, o que você fez foi um conserto, e não um concerto! Olha o erro de homofonia...

     
  22. Comigo funcionou...achei um tanto didático demais, muito certinho, mas a idéia foi boa, e o filme em si, como um todo é muito bom...!
    Agora outra questão é o Oscar, talvez se disputasse com Coração Valente, Apollo 13 e os outros indicados do Oscar de 1996 fosse merecido ganhar, mas o problema de o Discuro do Rei ter levado o Oscar 2011 são os canditados com quem ele concorreu. Cisne Negro, A Origem, A Rede Social, Toy Story 3 e Bravura Indómita estão muito a frente do filme em questão, talvez tenha sido essa a falha do Oscar, o filme era bom, valeu a indicação, agora levar o premio principal é muita coisa pra pouco negocio!!!

     
  23. Adorei sua crítica, foi muito bem escrita está de parabéns.

    Beijos.

     
  24. Luciano Reis Says:
  25. Este comentário foi removido pelo autor.  
  26. Luciano Reis Says:
  27. Parabéns pelo blog! Impecável seu layout. Bem personalizado.


    Abraços.

     
  28. CONDE Says:
  29. Não vi o filme. Então não dá para contestar ou concordar com as opiniões emitidas pelo companheiro. Inegável porém que o escrito está bem amarrado e agradável de ler.

     
  30. André Says:
  31. Se não for unânime que The King's Speech não mereceu a honra que deram a ele é por que talvez o calor da emoção tá durando mais que o normal. Um filme que cinematograficamente é uma aula de como dar classe ao nosso complicado momento de vazio temático, sendo ele um filme exemplo dessa mesma categoria.

     
  32. Erika Vieira Says:
  33. Entre os ruins este foi o menos pior e por isso deve ter "merecido" o Oscar. Mas que é sessão da tarde, é.

     
  34. David Campos Says:
  35. É como o Daniel Dalpizzolo disse no cineplayers: "Filme inofensivo - em qualquer um dos sentidos empregados à palavra.".

    Lucas, vi a divulgação deste teu post em meus recados do cineplayers. Desculpa a demora. Aproveito para deixar o link do blog do qual sou editor. Conto com a sua visita e com o seu comentário.

    http://tudosobrepeliculas.blogspot.com/

     
  36. Kley Says:
  37. Obviamente é um filme correto e quadradinho, bem ao gosto da Academia. Dos dez indicados ainda prefiro A Origem, Cisne Negro e A Rede Social.

    http://blogdokley.blogspot.com/

     
  38. Ademir Says:
  39. "O Discurso do Rei" ganhar o Oscar de melhor filme, considerando a concorrência (ou talvez até sem considerá-la), foi uma heresia digna de fogueira santa. Não por acaso insisto em dizer que esse prêmio não me serve de referência para boas obras cinematográficas, ainda que tenha premiado algumas realmente boas.

     
  40. Ademir Says:
  41. Bela comparação da Erika: típico "clássico" de "Sessão da Tarde".

     

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