Por Talita Magalhães Esses dias fui à estreia de um Blockbuster, Os Vingadores. Tenho que admitir que não é o filme com o melhor roteiro que já vi, mas os personagens são mais fortes que a história em si, e
aqueles efeitos maravilhosos em 3D sempre me conquistam. Disfarçando o furo no roteiro de
como Thor chegou a Terra com a ponte de Asgard destruída, o filme foi muito bom. O cinema
estava vazio por ser a primeira sessão do dia e o filme ser legendado. Não sou fã de filmes
dublados e tenho o estranho fetiche egoísta de preferir o cinema vazio. Não sou a única,
acredito. Fazia tempo que eu não assistia a um filme ao estilo mocinho versus vilão, na mais
clássica jornada do herói. Tenho que admitir que gosto desse lado da indústria do espetáculo:
mocinhos bonitos, ou no mínimo simpáticos, e um vilão de humor. Mas não vou escrever
sobre o filme, corro o risco de contar o final e apanhar por isso como ocorreu com um
conhecido meu. Apesar da tecnologia, o espetáculo e tudo mais, o filme me deixou em
situação nostálgica. Lembrei de uma professora (a que eu mais admiro) que na aula sobre esse
estilo de filme, com mocinho e vilão, comentou que qualquer criança ou pessoa que prefere o
vilão tem sérios problemas mentais e psicológicos. Afinal é isso que os vilões representam.
Discordei no mesmo instante, embora não levantei essa questão, pois os 60 alunos da sala
concordavam com ela. Não concordei não só pelo fato de ser fã de grande parte dos vilões e
anti-heróis, mas por acreditar que por mais fantásticos que sejam os filmes com os melhores
vilões, esse personagem representa melhor qualquer pessoa do mundo. Afinal, o produto da
ficção são os heróis. Não existem mocinhos no mundo. Excluo os bombeiros e alguns médicos
em parte apenas. Olho a minha volta todo dia, vejo as pessoas sempre egoístas sem admitir
que são, sempre querendo ser mais que as outras, a lutar pelo poder, o famoso “o problema
não é meu”. Elas riem, ignoram, fingem se importar, se matam, acreditam que sabem oque
fazem, buscam uma liberdade que nem sabem definir, buscam uma felicidade que nem
acreditam que exista. As pessoas são obsessivas, possessivas, e julgadoras. Como foi citado em
Apocalypse Now: o pior erro humano é o julgamento. Finjo que, no filme exemplo com certeza
gostaria de tirar uma foto tosca de fã com o Capitão América, ou com o Thor (os galãs heróis),
mas de fato preferia ter no meu álbum adolescente uma foto com o Loki. Apenas. Ao lado da
fotos dos outros vilões, que encheriam esse post até a barrinha de rolagem ser
insuportavelmente pequena. Só não admito que me julguem desequilibrada, ou
com “probleminha” por isso. Criam heróis como exemplos para crianças, que ao primeiro
momento de ciúmes do irmãzinho, inveja do coleguinha, a descoberta do poder que o dinheiro
representa, tornam-se vilões, que continuam se achando mocinhos. Não tem como ser bom
em uma sociedade onde os bons são massacrados. A razão some na selva que vivemos, e a
humanidade torna-se uma fraqueza. Voltando ao fato do julgamento, eu que sempre torci
para o Olhos-famintos, ri com o Coringa, pendurei posters de Dark Veider e sorri quando Loki
negou os sentimentos, sigo minha vida em frente sem nem matar ou ferir uma mosca. Mas
não digo o mesmo de muitos que sempre preferiram o super-homem, e hoje matam, ou fazem
multidões sofrer sob um termo politico. O mais perto do herói que existe na realidade são os
anti-heróis. Lamento, vou continuar admirando mais os vilões, e se todos me julgarem
desequilibrada por isso, dane-se. Gosto dos vilões do cinema apenas, se eu admirasse a
humanidade na realidade, ai sim seria completamente desequilibrada.
Ó céus! Confesso, os vilões me atraem; digo, suas estratégias tornam o filme mais interessante. O que seria do mocinho se não houvesse o vilão? - E na vida real, o que seria do dinamismo social sem a maldade?